Política Agrícola com Mais Subsídio ou Mais Educação?

Resumo

Pequenas propriedades rurais são responsáveis por um terço da produção de alimentos do mundo. E os pequenos produtores rurais são os que mais precisam do apoio de políticas públicas capazes de viabilizar economicamente a atividade rural. A política agrícola brasileira segue praticamente igual há mais de 3 ou 4 décadas e as demandas dos setores da agropecuária quase sempre estão reivindicando mais crédito subsidiado e preço mínimo garantido pelo Estado. No entanto a falta de políticas públicas orientadas para a emancipação do produtor rural leva à eterna dependência de subsídios no crédito rural, de garantia de preço mínimo e de outros programas de assistência a pequenos e médios produtores rurais. Ainda que com efeito em longo prazo, é preciso estabelecer e fomentar programas de desenvolvimento de competências empreendedoras e de administração rural, a fim de tornar, em especial, a agricultura familiar mais qualificada para a busca da máxima rentabilidade possível na pequena propriedade. Igualmente importante é incluir no currículo das escolas de ensino fundamental, de área rural, conteúdos ligados ao contexto vivido pelos alunos, como produção agropecuária, administração rural, associativismo e organização comunitária, administração financeira etc. Assim será possível emancipar produtores rurais da dependência do Estado.

 

Recentemente, em artigo publicado no Ourworldindata.org (RITCHIE, 2021, on-line), a autora afirmou que estudos recentes sugerem que pequenas propriedades (até 2 hectares) produzem 32% dos alimentos do mundo. E que o uso indiscriminado dos termos ‘fazenda familiar’ e ‘atividade de pequeno porte’ gera confusão, o que pode levar à adoção de políticas agrícolas e de desenvolvimento de baixa efetividade. De fato, a atividade familiar é responsável por aproximadamente 80% da produção de alimentos, pois não depende do tamanho da área – algumas famílias administram grandes áreas e por isso não devem ser confundidas com pequenos proprietários.

Ritchie (2021) ainda afirmou que muitos pequenos agricultores estão entre as pessoas mais pobres do mundo, chegando a passar fome. Nas pequenas propriedades a produtividade pode ser boa, mas exige elevado esforço e mão de obra abundante, além de insumos apropriados; do contrário não conseguem bons rendimentos, forçando a ida dos mais jovens para áreas urbanas em busca de melhor renda.

O gráfico com as descobertas do trabalho de Vincent Ricciardi et al. (2018, p. 67) mostra o total acumulado de três métricas – terras agrícolas, produção de safras e abastecimento de alimentos, contrastando com o aumento do tamanho da propriedade.